Menos de dois minutos. Este foi o tempo necessário para que a juíza de uma corte militar dos Estados Unidos pronunciasse a sentença: o soldado que entregou mais de 700 mil documentos sigilosos para o WikiLeaks foi condenado a 35 anos de prisão. Bradley Manning, de 25 anos, está preso desde maio de 2010. Ele vai cumprir pena por ser considerado culpado em 20 alegações, incluindo espionagem e roubo. A corte o absolveu da acusação mais grave: auxiliar um inimigo dos Estados Unidos da América.
Basicamente, Manning enfrentou as mesmas acusações que agora pesam sobre Edward Snowden, o responsável por delatar o programa de espionagem da América.
O soldado trabalhava na inteligência das Forças Armadas, baseado em Bagdá. Foi de lá que ele repassou os milhares de documentos sigilosos para Julian Assange (por sinal, Assange continua foragido na embaixada do Equador em Londres). Também foi lá que os agentes do exército americano o prenderam depois de localizar o responsável pelos vazamentos. Depois disso, Manning não só confessou o crime, como pediu desculpas por ter colocado a vida de diversas pessoas em risco.
Enquanto isso, o governo americano viveu um período de intensas críticas. Não faltaram relatos de situações em que os oficiais agiam com violência, sem ao menos respeitar os direitos humanos dos inimigos. Qualquer tipo de tortura, estupro ou violência exacerbada, mesmo em situações como a invasão das tropas americanas e aliadas no Iraque, são considerados crimes de guerra. Um auê diplomático, se me permite.
O soldado poderá pedir a liberdade condicional depois de cumprir um terço dos 35 anos a que foi condenado. Especialistas apontam que ele poderá solicitar o relaxamento da pena já em 2021. Para tanto, basta que ele demonstre bom comportamento e trabalhe na unidade de penitenciária.
Os promotores pediam 90 anos de condenação, mas a Justiça Militar não acolheu a solicitação.
Por incrível que pareça, a pena superior a três décadas foi comemorada por apoiadores de Manning. Julian Assange disse que foi uma “vitória estratégica” para o soldado. Inicialmente, a promotoria pedia a pena de morte, acrescida de 135 anos de prisão. A condenação final foi muito mais leve do que isso. Em tese, Manning poderá deixar a penitenciária com menos de 40 anos.
O advogado do soldado informou que pedirá diretamente a Barack Obama o perdão presidencial, o que pode facilitar ainda mais a situação. Enquanto isso, já podemos tratá-lo como “ex-soldado”, pois o veredito inclui a dispensa desonrosa do serviço militar. Aposto que este foi o maior golpe para Manning, que disse ter vazado os arquivos para “fazer o bem”.
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