sexta-feira, 26 de julho de 2013

Arquivo Público Mineiro completa 118 anos e abre as portas para visitação.



O Arquivo Público Mineiro (APM), criado em Ouro Preto, desde 1938 ocupa belo casarão do século 19 na Avenida João Pinheiro, em Belo Horizonte. Responsável por coordenar o recolhimento de documentos produzidos e acumulados pelo Poder Executivo estadual e a documentação privada de interesse público e social, o APM tem a missão de pôr esse imenso acervo à disposição da sociedade. 

“Já ganhamos o presente que queríamos: o projeto de restauração da casa onde estamos e do anexo, onde fica o acervo”, comemora Vilma Moreira dos Santos, superintendente do APM. As obras devem ser concluídas até 2014. O projeto inclui melhorias da infraestrutura e a ampliação do espaço multimeios, que poderá funcionar como cinema. 



“É muito importante cuidar do arquivo e dar a ele instalações próprias para abrigar a documentação que conta a história de Minas Gerais”, explica Vilma Moreira. Entre os desafios do APM estão a guarda e a gestão de documentos eletrônicos, “dor de cabeça para todas as instituições arquivísticas do mundo”, afirma ela, cobrando a formação de um grupo de estudo específico para o tema.

Vilma destaca a “invisibilidade” do Arquivo Público Mineiro em Belo Horizonte, mas não culpa o público: “Talvez isso ocorra devido à natureza de nosso trabalho, à preocupação em atender prioritariamente quem nos procura e à diversidade da documentação, que exige muita atenção. Nós nos voltamos mais para a vida dentro da instituição. Quem quiser ter acesso a documentos históricos vai encontrá-los aqui”, orgulha-se. A festa para valer, brinca a superintendente, está marcada para 2015, quando o APM completará 120 anos “com casa totalmente recuperada”.

Idealizada por intelectuais de Ouro Preto, convictos de que era preciso preservar a história de Minas Gerais, a criação do APM foi proposta ao governador Crispim Jacques Bias Fortes (1847 –1917), que encampou o projeto. Está lá documentação relativa à capitania, à província e ao estado – ou seja, Minas Gerais durante os períodos colonial, imperial e republicano. 

Instituições assim são importantes para a vida de qualquer pessoa, afirma Ana Maria de Souza, historiadora e diretora de Arquivos Permanentes. “Todos têm um arquivo. Ele começa a ser formado quando a pessoa nasce, com certidão de nascimento, cartão de vacina, santinhos de primeira comunhão, contas de luz, fotografias e diplomas”, explica.

O APM recebe, basicamente, visitantes em busca de documentos para certidões; estudantes de graduação, mestrado e doutorado; e pessoas que escrevem sobre a história municipal. “Alunos das escolas de ensinos médio e fundamental também têm aparecido, à medida que fomos integrados ao circuito cultural da Praça da Liberdade. Eles poderiam vir mais. É cedo que se aprende a valorizar a memória histórica e cultural”, conclui Ana Souza.


Curiosidades 

>> O prédio que abriga o Arquivo Público Mineiro foi construído em 1897 para ser a residência do secretário de Finanças. A partir de 1910, lá funcionou a Prefeitura de Belo Horizonte. Desde 1938, é ocupado pelo APM. 

>> O acervo reúne milhares de manuscritos, impressos, mapas, plantas, fotografias, filmes, livros, folhetos e periódicos. Entre eles está um recibo assinado por Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, e o documento relativo à contratação de música para culto em agradecimento a Deus pelo fracasso da Inconfidência Mineira.

>> Os temas mais pesquisados são: escravidão, cartas de sesmarias, Inconfidência Mineira, Câmara de Ouro Preto, educação pública e documentos do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) relativos a pedido de indenização por perseguição política.

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